O cuidado com a Espiritualidade do Catequista se faz prioridade
no Ano da Fé. É a Espiritualidade que mantém acesa a chama do
Amor-Encontro com Deus e da Missão do Catequista. Sem espiritualidade o
cansaço, o desânimo, o ativismo, tomam conta.
O que é Espiritualidade?
Será importante explicitar aqui, brevemente, o que é a Espiritualidade. A Espiritualidade é o oxigênio do coração.
É viver segundo o Espírito. É uma maneira determinada de viver a
globalidade da vida, com seus afazeres, dificuldades, objetivos e
desafios, orientando-a pela luz da nossa fé cristã. Espiritualidade é
nossa dimensão divina em tudo o que é humano.
Numa bela
definição, Pe. Adroaldo Palaoro sj, nos diz: “É a espiritualidade que
reacende desejos e sonhos, que desperta energias em direção ao algo
“mais”; é a espiritualidade que faz descobrir, escondida no cotidiano, a
presença amorosa do Deus Pai-Mãe que nos envolve; é a espiritualidade
que projeta a vida a cada instante, abre espaço à ação do Espírito, nos
faz ser criativos e ousados em tudo o que fazemos e dá sentido e
inspiração a cada ação humana, por mais simples que seja; é a
espiritualidade que nos desperta e nos faz descobrir que nossa vida
cotidiana guarda segredos, novidades, surpresas... que podem dar novo
sentido e brilho à vida.
É um modo de
“ler” e interpretar a mensagem que cada experiência de vida pode nos
comunicar. Essa dimensão espiritual se revela pela capacidade de diálogo
consigo mesmo e com o próprio coração, se traduz pelo amor, pela
sensibilidade, pela compaixão, pela escuta do outro, pela
responsabilidade e pelo cuidado como atitude fundamental”.
Espiritualidade
consiste primariamente não na recitação piedosa e humilde de
determinados exercícios devocionais religiosos..., mas num modo de se
posicionar na vida e ver todas as coisas. Olhar o mundo com os olhos do
coração, ver o sagrado mistério da realidade... Então, espiritualidade
não é momentos de oração, é a definição mais capenga. Nem se reduz a
sacramento, retiro, silêncio...
Espíritualidade
é o cultivo das coisas do Espírito. A palavra espiritualidade vem de
espírito. Na Bíblia, “Espírito” quer dizer vida, movimento, força,
presença, sopro, ardor. Espírito é a força que leva a agir. Espiritualidade é uma força que nos anima, inspira. Ela vem de dentro de nós e nos impulsiona para a ação. Na vida do Cristão, esta força é o Espírito Santo. Ele acende em nós o fogo do amor: amor a Deus, amor aos irmãos, amor a Catequese. E o amor nos faz atuar, agir.
Quem
experimenta o encontro com Deus-Amor deseja estar com Ele. A oração é a
conversa mais particular e íntima com Deus, que realimenta e fornece
combustível para a dinâmica do encontro permanente com Ele e da leitura
da sua presença na vida. Pondo diante de Deus o que somos e vivemos, ele
nos ajuda a ver mais claramente, a identificar seu apelo nos chamados
sinais dos tempos, que estão aí na nossa história pessoal e na
sociedade. A oração mais do que palavras é estar com Deus. Como diz
Santa Tereza é “querer estar a sós com aquele que sabemos que nos ama”.
Sem espiritualidade a catequese perde o rumo
Sem o cultivo
da Espiritualidade é muito difícil a catequese caminhar bem. As coisas
se transformam em rotina, o desânimo vai minando o trabalho, os
conflitos tumultuam o grupo. Sem Espiritualidade as pessoas vão ficando
endurecidas, descrentes, desgastadas. A Espiritualidade mantém viva o
“porquê” e o “para que” somos catequistas. A causa (a paixão por Jesus e
pelo Reino de Deus) nos mantém no caminho do seguimento e da paixão
pela educação da fé da comunidade cristã.
Quem cultiva a
espiritualidade, sente-se habitado por uma Presença, que irradia ternura
e amor, mesmo em meio a maior dor. Tem entusiasmo porque sabe que
carrega Deus dentro de si. Mesmo com desafios, dores, sofrimentos, um
catequista assim sabe-se a caminho e um eterno aprendiz do Amor.
Algumas ações possíveis para o cultivo da Espiritualidade:
- Pode ser preciso realizar algum tipo de formação sobre Espiritualidade
(o que é e o que não é; o que é experiência de Deus; a oração
cristã...). Mas, é importante ter presente que um curso sobre
Espiritualidade não irá resolver o cultivo da Espiritualidade do grupo
de catequistas.
- Iniciar todas as reuniões com o grupo de catequistas (da paróquia, da comunidade) com um belo tempo de oração-celebração.
Para isso, é importante preparar com antecedência o ambiente e a
celebração. O “Catequese Hoje” tem postado belas sugestões em “Tempo da
Delicadeza”.
- Organizar
Manhãs ou Tardes de Espiritualidade, de maneira bem catequética,
cuidando da centralidade da Palavra de Deus. Cuidar para ter espaço de
silêncio e oração pessoal. É possível convidar alguém para ajudar na
reflexão, mas cuidado para não transformar tudo em palestra e lição de
moral. Seria bom se fosse planejado uma vez por semestre, pelo menos.
- Organizar retiros
(um dia, um final de semana) com o grupo de catequista. O catequista
precisa sair da rotina diária, ter espaço para saborear o encontro com
Deus e consigo mesmo. Retiro não é curso ou palestra. Podemos pedir
ajuda de algum pregador. Pode ser agendado uma vez ao ano. Quem
experimenta o gosto bom de um retiro não irá fugir dele.
- Cuidar especialmente da Acolhida dos catequistas, catequizandos, famílias. Isto é parte integrante do cultivo de uma Espiritualidade da Comunhão.
- Desenvolver o cuidado
com cada catequista e também catequizando, percebendo cada um como uma
delicada obra de arte de Deus. Escutar as pessoas, ser sensível ao que
estão passando.
- É necessário aprender a “gastar tempo” diante do Senhor e de sua Palavra. Podemos cultivar a espiritualidade através de pequenas coisas:
a) A oração ao amanhecer e ao dormir;
b) A leitura cotidiana de trechos da Bíblia,
c) Leitura Orante da Bíblia;
d) Ofício divino das comunidades;
e) A contemplação e a adoração silenciosa ao Santíssimo;
f) Os momentos de silêncio interior para escutar os apelos de Deus;
g) A escuta de músicas, orações ou reflexões de um CD de meditação;
h) A participação na Celebração Eucarística;
i) E outros;
Temos que ter o
cuidado para não cair na rotina de usar somente as orações “decoradas”
ou simplesmente lidas. É importante rezar a vida e rezar com a vida,
trazendo para o nosso interior, portanto, a realidade em que vivemos.
Perceber a presença e atuação de Deus na vida, no mundo.
- A oração em
comum alimenta em todos a comunhão na vivência em comunidade. A
Celebração Eucarística é a que mais expressa e realiza a comunhão com
Deus e com os irmãos. Mas a Espiritualidade da Comunidade não se reduz a
participação na missa. Toda a vida do cristão deve ser um culto
agradável a Deus.
Lucimara Trevizan
Comissão Regional Bíblico-Catequética do Leste 2
Fonte: Catequese Hoje
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