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sábado, 18 de janeiro de 2014

A CURA DAS CARÊNCIAS AFETIVAS


A realidade enunciada neste título é uma circunstância que tem – verdadeiramente – escravizado muitíssimas pessoas em nosso tempo, roubando a alegria e o sentido de suas vidas. São inúmeros os corações, principalmente dos mais jovens, que se têm deixado dominar por inúmeras formas de carências afetivas, as quais não lhes permitem compreender o próprio valor e os tornam verdadeiros “mendigos” de pobres migalhas de afeto.

“As carências são o vazio que ficou no coração, por não ter recebido o necessário amor afetivo no decurso da vida. São um vazio, uma falta de amor: uma verdadeira fome, uma fome de amor” (PEDRINI, 2006, p. 20). Tal definição (de carência) é clara e com precisão nos revela a dinâmica de tal realidade, a qual tem o poder de nos trancafiar em um verdadeiro cárcere emocional.
Em virtude de um intenso processo de domínio por parte das carências, poderá alguém, por exemplo, ter quarenta anos de idade, mas, seus afetos e emoções terem apenas dez. Isso em virtude de não ter recebido o suficiente amor para amadurecer e avançar afetivamente ao longo de sua história. Tal pessoa possuirá uma afetividade imatura e infantil, mesmo diante das muitas décadas que coleciona na existência.
Essa fragilidade pode gerar inúmeros desequilíbrios emocionais, além de causar muitos problemas e desencontros em nossos relacionamentos. Os filhos que não se sentiram suficientemente amados, por exemplo, poderão ter uma grande tendência à rebeldia e a constantes desobediências para com seus pais. Tal comportamento poderá configurar, ainda que de maneira inconsciente, um ato como que de “vingança” da parte dos filhos para com os genitores, isso em virtude de não terem recebido o suficiente amor afetivo que esperavam receber.
Da mesma forma, as carências podem fabricar inúmeros problemas na vida conjugal, pois “o casal carente não se casa para amar, mas para ser amado” (PEDRINI, 2006, p. 20). Seu coração carente só espera receber o amor do outro, nunca sabendo gratuitamente o ofertar. A consequência de tal comportamento será manifestada, mais cedo ou mais tarde, com brigas, cobranças, exigências e chantagens sem igual, tornando assim insuportável qualquer relacionamento e interação.
Quantos não são os corações que se encontram infelizes em virtude de carências e vazios? Quantos olhares não carregam dores e feridas profundas que os marcaram e que ainda os acompanham tornando suas vidas pesadas e sem sentido? Pode ser que você, que agora lê este artigo, identifique alguns destes processos acontecendo em sua história e coração. Saiba que a tudo isso será necessário reagir, não se permitindo por tais realidades escravizar.
A carência percorre as estradas de muitos corações, tornando tristes suas histórias e opacos os seus olhares. A carência não pode nem deve ser suprida, assim ela fabrica escravidão. A carência precisa ser curada e superada! Este será o caminho para uma concreta restauração e libertação afetiva.
Somente o amor poderá curar as carências do coração e não há qualquer esquema ou raciocínio que possa fazê-lo, pois, como dizia o filósofo Blaise Pascal: “Uma gota de amor vale mais que um oceano de inteligência”.
Necessário é se permitir amar tendo também a coragem de ofertar o amor, visto que será isso o que nos restaurará e curará em nossos vazios. Afinal, o processo de cura das carências afetivas só se tornará verdadeiramente possível através do exercício do amor afetivo, constantemente dado e recebido, independentemente do contexto e personagens. É preciso ter iniciativas de amor, as quais, por sua vez, gerarão um propício ambiente de amor, pois, afinal: o “amor atrai o amor” e a atitude de amar sempre dará à luz um ambiente e atitudes de amor, mesmo em circunstâncias de hostilidade e desafeto.
Faz-se extremamente necessário não ter medo de amar e de demonstrar o afeto em qualquer situação; isso sem desequilíbrios, é claro. Tal realidade curará o coração, enchendo-o de luz, esperança e vida nova.
Por Padre Adriano Zandoná
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

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