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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Quando falamos dos outros, revelamos quem somos

Um material de formação pedagógica traz uma frase sobre a qual deveríamos meditar com cuidado. É assim: “Quando João fala de Pedro, ficamos sabendo mais a respeito de João do que de Pedro.”  E não é verdade? João pode até estar dizendo algo que não é verdadeiro a respeito de Pedro mas, ao falar, revela suas idéias, as atitudes que valoriza, seus preconceitos ou sua capacidade de acolher o outro.
            Por isso fico muito contente quando vejo que esforços a favor do ecumenismo e do diálogo inter-religioso estão incentivados nos nossos documento e se tornam visíveis em tantas atividades dentro da nossa Igreja. Eles me dizem coisas bonitas sobre a nossa maturidade católica. Nossa Igreja sabe bem que, sendo a maior e a que tem uma tradição mais solidamente ligada à herança apostólica, a ela cabe uma responsabilidade especial de trabalhar pela unidade. Curar feridas de tantos séculos é algo que exige maturidade, caridade e, sobretudo, muita fidelidade ao desejo explícito de Jesus. E que bom é podermos ver isso na nossa Igreja!
            O evangelho mesmo nos diz que “a boca fala daquilo de que o coração está cheio” (Mt 12, 34). Então é preciso educar o coração para que as palavras se tornem adequadas para a construção da unidade e da paz. Para isso precisamos de um bom conhecimento dos temas que vamos abordar, seja na catequese, seja em nossas conversas com parentes, amigos, vizinhos.  Nosso Diretório para a Aplicação dos Princípios e Normas sobre o Ecumenismo, elaborado pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, nos diz em seu número 61a, como orientação para a catequese :
            Ao falar das outras Igrejas e Comunidades Eclesiais, é importante que se apresente, de forma correta e leal o seu ensinamento. Entre os elementos que constituem a própria Igreja e a vivificam, há muitos e de grande valor, que podem existir para além dos limites visíveis da Igreja católica. O Espírito de Cristo não recusa, pois, servir-se destas comunidades como meios de salvação. Esta atitude põe em evidência as verdades da fé comuns às diferentes confissões cristãs. E isso ajuda os católicos, por um lado, a aprofundar sua fé e, por outro, a conhecer melhor e estimar os outros cristãos, facilitando assim a busca, em comum, do caminho da unidade plena na verdade total.”
            E lembra também no número 61d/e:
            “Além disso, a catequese terá esta mesma dimensão ecumênica se se esforçar por preparar as crianças e os jovens e também os adultos para viverem em contato com outros cristãos, formando-se como católicos e respeitando a fé dos outros.”
            “Pode-se conseguir esta formação discernindo as possibilidades oferecidas pela distinção entre as verdades da fé e as formas de se exprimirem; pelo esforço mútuo de conhecimento e de estima dos valores presentes nas respectivas tradições teológicas; pelo fato de mostrar claramente que o diálogo criou novas relações que, bem compreendidas, podem levar à colaboração e à paz.”
            Tudo isso precisa ser feito com bastante responsabilidade, com uma formação continuada que nos faça discernir melhor o que é busca legítima de unidade e o que é confusão de quem não conhece bem o terreno em que caminha. Mas vale a pena, por muitos motivos: atende ao pedido de Jesus, nos faz conhecer melhor a nossa própria identidade, cria um clima de construção de paz e colaboração fraterna e até comunica uma imagem bonita da nossa tradição católica.
 
Therezinha Cruz

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