O
Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso publicou em 1991 o documento
Diálogo e Anúncio. Lá são destacadas quatro formas de diálogo, cada uma ligada
a um campo de atuação religiosa. O documento trata de diálogo inter-religioso,
que vai além das comunidades cristãs a
que nos referimos quando falamos estritamente de ecumenismo. Mas as quatro
formas de diálogo podem ser adaptadas para indicar um caminho pedagógico para a
construção de relações ecumênicas também. São as seguintes:
a) diálogo da vida: é o que
acontece no convívio diário quando conhecemos pessoas de outras Igrejas. Não
vamos começar discutindo doutrinas religiosas, vamos criar laços de amizade,
vamos conversar sobre sentimentos humanos, preferências, alegrias e tristezas,
vamos conhecer fraternalmente o outro. Na catequese, temos que preparar para
esse tipo de diálogo porque há presença de cristãos de outras Igrejas na vida
dos catequizando, na família, no ambiente escolar, na vizinhança, no local de
trabalho.
b) diálogo
da ação: o mundo precisa da ação dos cristãos no socorro aos necessitados, na
educação para valores mais construtivos, no protesto contra as injustiças, na
defesa da vida, na construção de um mundo melhor para todos. Então a catequese
pode mostrar exemplos de Igrejas unidas para realizar boas obras. É bom lembrar
até a parábola do bom samaritano, em que Jesus colocou como exemplo de
solidariedade justamente uma pessoa que, pelos padrões da religiosidade
judaica, pertencia a um grupo dissidente. Muita coisa já é feita em conjunto e
esse tipo de trabalho deve ser conhecido e apoiado.
c) diálogo
dos intercâmbios teológicos: aí entram os teólogos, os estudiosos que ajudam a
organizar textos onde se expõem as divergências e as aproximações. Há muitos
acordos bilaterais feitos pela nossa Igreja com cristãos de outras
denominações. A divulgação desses textos em geral é muito deficiente e, por
isso, nem sempre eles produzem todo o efeito que deles poderíamos esperar. Na
vida cotidiana, mesmo em se tratando de pessoas com o devido preparo, creio que
o diálogo teológico deveria vir depois dos outros dois (de vida e ação) porque,
se já houver amizade e cooperação entre as duas partes, a conversa sobre as
divergências fica muito mais fácil. Com boa vontade de ambos os lados, vamos
compreender melhor que não se busca uniformidade e sim unidade na diversidade.
d) diálogo
da experiência religiosa: é o compartilhamento das riquezas espirituais, da
oração, da busca de Deus, da vivência amorosa do discipulado. Aqui entraria a
valorização das orações e cantos que podem se tornar comuns e também os
exemplos dos que viveram heroicamente sua vocação cristã nas diferentes
Igrejas. À catequese caberia destacar, entre outras coisas, que temos em comum
toda uma espiritualidade bíblica. O Pai Nosso e o Credo têm versões ecumênicas,
com pouquíssimas diferenças.
Imaginemos
agora que esses caminhos de diálogo, com o devido respeito às identidades de
cada denominação cristã, fossem assumidos e regularmente vivenciados. Como
ficaria esse testemunho diante dos que ainda não creem?
Therezinha Cruz
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