Mesmo em nossas quedas podemos clamar pelo Senhor
Mesmo tendo Adão desobedecido à ordem d'Aquele que o criara, no caos do jardim causado pelo pecado, Deus vem ao encontro de Adão e chama-o pelo nome. Veja que beleza: Deus chama-o pelo nome! Adão, no entanto, se esconde, por vergonha do Senhor.
É isso que faz o pecado em nós! Ele nos afasta d'Aquele que é nosso maior tesouro, e nos priva de participar da riqueza que o Senhor do jardim pode e quer nos oferecer. E também nos deixa envergonhados e, mesmo sem percebermos, nos “escondemos” de Deus Pai. “A mulher que tu me deste por companheira, foi ela que me deu do fruto da árvore, e eu comi”. (Gn 3,12) Quantas vezes também nós, a exemplo de Adão, ficamos procurando justificativas de nossos pecados?
Com
isso somos inseridos em um gírio de insensatez e ficamos sempre
encontrando justificativas para nossas transgressões e, como se não
bastasse, ainda colocamos a culpa, muitas vezes, no outro. É o gírio da
insensatez que vai cada vez mais nos envolvendo, deixando-nos
desorientados e longe de Deus.
Aquele
que criou o ser humano, agora contempla Sua obra “arranhada” por causa
do mau uso da liberdade que foi concedida como dom. Mas esse amor, que
fez a criação acontecer, que O motivou a dialogar com o homem
desobediente, é o mesmo amor que vai selar uma aliança que, em Jesus
Cristo, encontrará plenitude. Dando-nos o Seu Espírito e o Seu Filho, Deus estende novamente os braços para nós e
nos possibilita participar novamente de Sua graça. Graça essa que nos
faz ir além, nos motiva a cantar hinos e louvores e é oferecida a todos.
Mesmo
nas profundezas de nossas transgressões, podemos, por graça, clamar
pelo Senhor com a certeza de que não seremos envergonhados. N'Ele e por
Ele encontramos o perdão de nossas faltas e a restauração de nossa
beleza das origens.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
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