A Sagrada
Escritura diz que o Reino de Deus pode ser comparado com uma semente, de
tamanho ínfimo, mas que contém potencial de produção muito grande. Dela
brota e cresce uma árvore de dimensão magnífica. Isto pode ser símbolo
também da força de libertação contida no povo judeu quando exilado na
terra babilônica.
Esse potencial
veio à tona com o trabalho dos profetas, principalmente de Ezequiel,
mostrando ao povo a necessidade de sua fidelidade à Aliança proposta por
Javé. Era visto como questão de fé, de acreditar na possibilidade da
vinda de novos tempos, de uma vida digna e capaz de produzir frutos,
construindo uma nova sociedade.
O interessante é
que Ciro, então rei da Pérsia, dominou os babilônios e libertou o povo
ali oprimido, permitindo seu retorno para as terras de Israel. A
potência do Império da Babilônia cai por terra e os oprimidos de Israel
se elevam, realizando assim a promessa de Deus quando promete salvar seu
povo da escravidão e do mal.
Não é fácil
entender a força de Deus presente na vida das pessoas humildes e
simples. Parece até uma contradição com todo arsenal exigido pela
sociedade atual, cultura que privilegia quem tem muito. O grão de
mostarda é desprezível na sua aparência, mas tem uma força capaz de
produção, e isto está contido nela própria.
Podemos dizer
que o cristão deve ser como uma semente, construtor do novo Israel, da
nova sociedade, da Igreja e do Reino de Deus. O pequeno se torna grande
quando busca a seiva, a sua força no tronco, na intimidade com o Senhor.
Entendemos que isto acontece quando fazemos um caminho de introdução no
mistério divino, na intimidade com sua Palavra.
A fé exige
responsabilidade de quem a assume, e causa perplexidade nas pessoas mal
intencionadas. Ela exige um mínimo de atenção ao aspecto ético, de busca
de perfeição e compromisso para com o bem e a vida, seja natural como
espiritual. Quem age como cristão incomoda as pessoas, porque algo de
novo acontece.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
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