Cresce cada vez mais na Igreja o exercício de Leitura Orante como uma das formas privilegiadas do encontro com a Palavra-Jesus.
Cada pastoral, cada grupo cristão busca a Palavra de Deus a seiva de vida para sua ação.
Vejam por
exemplo, a Leitura Orante realizada no dia 21/07 durante o 3º Encontro
da Pastoral de Comunicação (PASCOM): o encontro de Jesus com a
Samaritana na ótica da comunicação.
Mantra preparando ambiente: (mapa da palestina, jarras com água, potes de barro...)
Motivação:
No momento mais quente do dia, à beira de um poço famoso Jesus pede de
beber. Inicia-se um diálogo profundo que se torna vibrante como a fonte
de água!
Vamos meditar
uma das mais belas narrativas do 4º Evangelho: a conversa de um judeu
com uma samaritana. A comunidade joanina é uma das mais distantes do
acontecimento Jesus de Nazaré... poucas pessoas eram testemunhas
oculares de Jesus. Jesus morreu pelo ano 33 e o evangelho foi concluído
por volta do ano 100 da era cristã.
O evangelho de
João é cheio de simbologia (que comunica muito!), mas é mais difícil
de ser entendido.Símbolos, metáforas, comparações são elementos
importantes para esclarecer uma mensagem. Quanto símbolo fala mais que
muitas palavras!!!!
O capítulo 4,
1-30 narra a conversa entre Jesus e a samaritana. A conversa foi
difícil: tanto para Jesus quanto para a samaritana. Os dois tiveram que
superar algumas barreiras. Jesus se encontrava em um ambiente
estranho... fora de casa... de sua cidade...(precisava passar pela
Samaria – Jo 4,4). A samaritana estava em seu próprio ambiente...
ambiente de sua casa e do seu trabalho. Mas, por ser mulher, ela não
podia conversar com um homem estranho, judeu e de outra religião. Mesmo
assim, os dois tentaram superar barreiras... Depois de várias
tentavas... a comunicação dialógica avançou significativamente e se
estabeleceu uma comunicação interativa entre os dois... Difícil acolher
uma pessoa estranha e diferente sobretudo quando se quer realizar
comunicação que é comunhão de vida... interatividade....
INVOCAÇÃO DO Espírito Santo:A nós descei...
Vamos ouvir o texto que nos relata o encontro: Jo 4,1-30
Refrão: Escuta Israel, o Senhor, teu Deus, vai falar...
Ler uma segunda vez a partir da ótica da comunicação,
percebendo como vão se dando os passos comunicativos de forma crescente
até constituir comunhão de vida: quem fala, para quem fala, sobre o que
estão falando. Detenha-se sobre o que mais lhe chamou atenção no texto.
Momento de silêncio...
1º passo: Leitura: O QUE DIZ O TEXTO
RECONTAR O TEXTO:
1- Jo 4,1-6: Palco/espaço onde se realiza o encontro:
Jesus percebe que os fariseus podem irritar-se com a sua atividade
batismal, ele sai da Judéia e volta para Galiléia. Assim ele evita uma
briga religiosa (4,1-3). Ao voltar ‘era preciso que passasse pela
Samaria... perto do meio dia... chega junto ao poço de Jacó... Cansado,
senta-se perto do poço onde a samaritana vai encontrá-lo. O poço era o
point dos encontros. Hoje quais são os lugares (físicos e virtuais) do
encontro?
2- Jo 4,7-15: primeiro nível de comunicação: água e trabalho:
água, corda, balde poço (eram os elementos que marcavam o mundo do
trabalho da samaritana. Jesus é quem toma a iniciativa do diálogo... As
barreiras se rompem... Ele vai ao encontro, assim como Deus tomou a
iniciativa de vir ao encontro da humanidade, de se comunicar conosco, de
vir ao encontro de cada um de nós... Jesus parte de uma necessidade
concreta, de sua sede e pede água... Pela pergunta, a samaritana percebe
que Jesus precisa de sua ajuda para resolver o problema que é a sede!
Com isso Jesus desperta nela o interesse/gosto para ajudar e servir.
Desde o início da conversa Jesus usa a palavra água nos dois
sentidos: normal (água que mata a sede) e simbólico (como fonte de vida e
como dom do Espírito Santo prometido no AT – Zc 14,8; Ez 47,1-12). Aí
aparece um primeiro ruído de comunicação: a samaritana só entende
água no sentido normal: água que mata sede do corpo. Há uma tensão:
Jesus tenta ajudar a samaritana a passar para outro nível de
entendimento e a samaritana, por sua vez, procura levar Jesus a entender
as coisas conforme o sentido que ela tem no cotidiano. Conclusão: por
essa porta Jesus não consegue comunicar-se com a samaritana e o diálogo
não avança...
3- Jo 4,16-18: segundo nível de comunicação: Marido ou família.
Jesus manda buscar o marido. A resposta da samaritana não permite que
Jesus estabeleça comunicação com ela; a reposta é seca: “não tenho
marido”. E Jesus: “tá certo... tiveste cinco, e o que tens agora não é
seu marido!”. Os cinco maridos evocam simbolicamente os cinco ídolos do
povo samaritano (2 Rs 17,29-30). O sexto marido a que Jesus alude,
provavelmente fosse João Batista venerado como Messias, ou a fé
diferente dos samaritanos em Javé.
4- Jo 4,19-24: terceiro nível de comunicação, a adoração.
Até que enfim! Por causa da resposta de Jesus a samaritana o identifica
com o Messias... Aí é ela quem começa a perguntar... a comunicação muda
o rumo: onde adorar a Deus? Em Jerusalém ou em Garizin? Agora é Jesus
que aproveita a porta aberta pela samaritana para comunicar-se com ela.
Ele estabelece interatividade dialógica, porta para a comunhão de
vida, de comunicação. Primeiro Ele relativiza o lugar do culto: nem em
Jerusalém, nem em Garizin, ou seja, aqui não há privilégio para os
judeus! Em seguida Jesus esclarece que tanto judeu como samaritano
adoram a Deus. A diferença é que os judeus adoram o que conhecem. Os
samaritanos adoram o que ainda não conhecem... ‘pois a salvação vem dos
judeus’! Jesus termina dizendo que chegará o tempo em que se poderá
adorar a Deus em qualquer lugar, desde que seja em “espírito e verdade”.
5- Jo 4,25-30: quarto nível de comunicação, a revelação:
“O Messias sou eu que estou conversando contigo”! A samaritana muda de
novo o rumo da comunicação e passa para outro assunto, a esperança
messiânica do seu povo (sei que vem o Messias!). E Jesus aproveita essa
‘deixa’ para se apresentar, para revelar-se, para comunicar-se no
verdadeiro sentido da palavra: comunhão de vida que é compromisso entre
ambos. (“Sou eu que estou conversando contigo”). O diálogo é
interrompido pela chegada dos discípulos (novo ruído: eles se admiram de
Jesus estar conversando com uma mulher). A samaritana – que agora já
não necessita mais do balde, pois encontrou a água viva – regressa para a
sua aldeia e aí estamos no ponto alto do relato, o espetáculo da
comunicação: a palavra de salvação se propaga; a samaritana se torna
discípula missionária. Desperta a curiosidade dos samaritanos que dão
seus primeiros passos ao encontro com Jesus. O diálogo de Jesus começou
com a mulher, mas vai bem além dela: os samaritanos todos participam
acolhem Jesus – a comunicação do Pai.
Refrão: ÉS ÁGUA VIVA, ÉS VIDA NOVA...
2º passo: Meditação: O QUE O TEXTO DIZ PARA MIM?
Colocando-nos no lugar da Samaritana, escutamos Jesus que nos pede água. Qual é a água que ele nos pede?
• A samaritana se admira de que Jesus peça água a ela... afinal ela era a necessitada...
• Eu..
você.. temos nossas necessidades, nossas buscas, nossas sedes...e é
Jesus que pede água. O que significa isso? Como Ele me pede de beber? O
que significa essa insistência...
• “O
senhor não tem balde para tirar a água...e o poço é fundo...” O poço de
minha vida, de minhas buscas e desejos é fundo. Como vou conseguir
essa água da vida? Será que o Senhor é mais importante que Jacó? –
• Como
a samaritana, deixemos que essas perguntas ressoem em nosso coração:
Como vou conseguir essa água viva que me satisfaça? Será que Jesus não é
mais do que eu sei e que os outros me comunicaram e comunicam? Que
Jesus nós comunicamos? (Só o encontro profundo, íntimo revela quem Jesus
é!
• “A
água que eu lhe der se tornará nele (a) fonte de água viva” - De que
água eu estou bebendo para alimentar minha missão de comunicador/a?
Refrão:
3º passo: Oração: O QUE O TEXTO ME FAZ DIZER A DEUS
• È
o momento da oração; do diálogo espontâneo e direto com Jesus. Ele que
se apresentou como profeta, Messias, Comunicador da boa notícia da
salvação para todos.
• É o momento da comunicação mais profunda entre Jesus e eu.
• Ele me falou no texto lido; eu respondo em oração.
• Peça neste momento a água que você precisar para viver, para cumprir a sua missão de ser fonte para os outros....
4º passo: Contemplação: A QUE AÇÕES /COMPROMISSOS O TEXTO ME REMETE
• Vamos
contemplar/ encantar-nos com a beleza e a profundidade do texto e sua
consequência para a missão de comunicadores/ comunicadoras.
• É
o momento de silêncio profundo que também comunica... é o momento em
que a palavra ouvida penetra minha vida e me sugere uma ação... mudança
de vida... novo jeito de comunicar
• O
momento do silêncio nos permite distinguir o importante, o essencial do
acessório, do periférico... Quanto mais abundantes a comunicação de
mensagens e informações... mais necessários se fazem os momentos de
silêncio
• É no silêncio que se identificam os momentos mais importantes da comunicação entre aqueles que se amam
• Deixemo-nos amar por Deus... contemplemos esse amor e de coração assumamos o que este amor nos propõe...
Pai Nosso e Canto final: É como a chuva que lava...
Por Maria Cecília Rover
Assessora Nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação
Bíblico-Catequética
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