Ninguém
pode crer só para si mesmo, como também ninguém consegue viver só para
si mesmo. Recebemos a fé da Igreja e vivemo-la em comunhão com todas as
pessoas com quem partilhamos a nossa fé. O “eu” e o “nós” da fé
remetem-nos para os dois símbolos da fé da Igreja, pronunciados na
Liturgia: o Símbolo dos Apóstolos, que começa com (“eu creio”) ( Credo),
e o grande Símbolo Niceno-Constantinopolitano, que, na sua forma
original, começava com credimus (“nós cremos”).
A fé é aquilo que uma pessoa tem de mais pessoal, mas não é um assunto
privado. Quem deseja crer tem de poder dizer tanto “eu” como “nós”, pois
uma fé que não possa ser partilhada e comunicada seria irracional. Cada
crente dá o seu consentimento ao Credo da Igreja. Dela recebeu a fé.
Foi ela que, ao longo dos séculos, lhe transmitiu a fé, a guardou de
adulterações e a clarificou constantemente. Crer é, portanto, tomar
parte numa convicção comum. A fé dos outros transporta-me, como também o
fogo da minha fé incendeia os outros e os fortalece. [YouCat 24]
Não foi sem razão que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados
a aprender de memória o Credo. É que este servia-lhes de oração diária,
para não esquecerem o compromisso assumido com o Batismo. Recorda-o,
com palavras densas de significado, Santo Agostinho quando afirma numa
homilia sobre a redditio symboli (a entrega do Credo): «O símbolo do
santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a
um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da
Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor. E vós
recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre presente na mente
e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas
praças e não o esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo
dorme, o vosso coração continue de vigília por ele».
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