“A
política é uma das mais altas expressões da caridade”. É uma realidade que deve
ser levada em conta no momento eleitoral. Falamos de caridade, de “dar de comer
a quem tem fome”, mas nem sempre pensamos que isto é uma atitude política, no sentido
de que “política é a arte de se fazer o bem”. É a realização do bem comum na
comunidade onde atuamos como pessoas humanas.
Os
nossos governos têm a obrigação fundamental de fazer uma política limpa,
marcada pela ética e com muita transparência. Do contrário, não podem contar
com a confiança dos eleitores. E também não vão dar de comer a quem tem fome,
isto é, não serão capazes de trabalhar para diminuir a distância existente entre
as classes sociais e econômicas, situação gritante em nosso país.
A
vida cristã é marcada por valores diferentes daqueles que orientam a sociedade
secular. O suporte deve ser o amor ao próximo, o fato de um poder contar com o
outro, mesmo tendo ideias diferentes. Formamos uma comunhão e o egoísmo rouba
de nós esta dignidade, impedindo a prática efetiva de gestos concretos de
unidade e fraternidade.
O
alimento é tão importante para a vida, que até encontramos uma frase bíblica
que diz: “era melhor ser escravo no Egito e ter o que comer do que ser livre e
passar fome” (cf Ex 14, 12). Liberdade e fome são contraditórias e ambas são
exigências para uma vida digna. Por isto, é indispensável deixar de lado
hábitos de natureza puramente egoísta.
Não
há partilha e alimento para todos se o ser humano não tirar do foco os próprios
interesses. Deve identificar a própria vontade e agir com a de Deus. Corremos o
perigo de uma politica totalmente desconectada com o interesse da maioria,
principalmente daqueles que passam fome, ficando à margem de uma cultura de
vida digna.
Não
só no mundo politico, mas há pessoas que usam da religião como fonte de lucro e
privilégios pessoais. Não estão preocupadas com o irmão, mas com o conforto e
prosperidade pessoais. O gesto da partilha não é troca de favores, milagres e
curas, mas identificação com Cristo, que dá a vida para todos terem vida.
Dom
Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo
de Uberaba.
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