1. Emoção especial. Ao escrever sobre os 50 anos do início do
maior evento da nossa Igreja católica no século XX, o Concílio Vaticano II
(1962-1965), não posso impedir de experimentar uma emoção muito especial. Vivi
em Roma de 1961 a
1964 e acompanhei de perto, e deslumbrado, o que ali acontecia anunciando
imensas mudanças em
nossa Igreja. O Instituto dos Irmãos de La Salle, do qual sou membro,
me agraciara com os estudos na Universidade São João do Latrão, e lá estava eu,
como jovem estudante, acompanhando curioso e interessado a novidade do Concílio.
2. Antes do Concílio. O Papa Pacelli (Pio XII) morreu em outubro de
1958. Os Cardeais eleitores estavam com grande dificuldade para a escolha do
sucessor da autoridade eclesiástica gigante, que dominou a primeira metade do
século XX. O escolhido foi um Cardeal bem idoso, rechonchudo, simples, humilde,
bondoso e de grande sabedoria. Parecia que tinha sido eleito para um período de
transição enquanto se preparava um Cardeal à altura de Pio XII. Seu nome Ângelo
Roncalli. O nome que escolheu: João XXIII
3. A
surpresa. Alguns meses depois,
em fevereiro e março de 2009, o novo Papa anunciava e convocava um Concilio
Ecumênico, o 21º da Igreja, a realizar-se no Vaticano. O primeiro havia sido em
1870. O Papa sentia a necessidade de
“aggiornare la Chiesa”,
isto é, “atualizar e renovar a Igreja” para o mundo em mudança, que estava
despontando naquele final da década de 50. E ele convocou oficialmente a todos
os Bispos do Mundo, os principais teólogos e biblistas para o magno encontro em
Roma em outubro 1962. Equipes de Trabalho foram organizadas para os temas a
serem tratados e para as devidas providências quanto à infra-estrutura, nada
fácil, para mais de 2.000 pessoas. Sem dúvida, era uma ousada loucura daquele
Papa tão idoso, de 82 anos de idade. E não deu tempo de fazer tudo de uma só
vez. O Concílio, então, durou de 1962
a 1965. Em 1963 João XXIII faleceu. Seu sucessor, o Papa
Paulo VI (Cardeal Giovanni Batista Montini), porém, deu continuidade e levou até
o fim a histórica empreitada e liderou sua colocação em prática até 1978.
4. Mas o que é um Concílio? Um concílio
ecumênico é uma reunião oficial de autoridades eclesiásticas com o objetivo de
discutir e deliberar sobre importantes questões doutrinais e pastorais (fé e moral).
Suas decisões tem um valor muito especial e compromete a Igreja toda. Mas pode
haver também Concílios Nacionais, Provinciais, Diocesanos. Entretanto, para
estes, cabe melhor o termo Sínodo (syn-junto,
odos-caminho), isto é, dialogar e
procurar consensos para um caminhar unido e coeso da Igreja. Nos Atos dos
Apóstolos, cap.15, 1-35, há informações sobre o primeiro Concílio Ecumênico da
Igreja Cristã. Aconteceu em Jerusalém, para questões da adaptação do
cristianismo no mundo greco-romano, tão diferente do mundo judeu, onde nascera.
5. A importância do Concilio Vaticano II. Nestos próximos artigos os/as leitores/as
encontrarão uma introdução aos Documentos Conciliares, que continuam marcando a
história de nossa Igreja, e um pouco do espírito e do clima renovadores gerados
e impulsionados pelo Concílio. .
Irmão Nery
fsc, de
Machado, MG, é Religioso Irmão de La
Salle, educador, catequeta e escritor.
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