Além de expressar o sentido de
“passagem”, a Páscoa vem confirmar também o itinerário de toda mensagem cristã,
isto é, a centralidade do Reino de Deus. Isto aparece na vida e nas palavras de
Jesus, naquilo que é testemunhado pelos apóstolos e pelos prodígios na história
bi-milenar da era cristã, mesmo convivendo com forças contrárias e destruidoras
do bem.
Todo bem realizado, em vista da
liberdade e na defesa da dignidade das pessoas, está fundamentado nos objetivos
do Reino. É ser diferente de atitudes egoístas, mas fruto de prática do amor,
próprio do cristão no seguimento de Jesus Cristo. Diz a bíblia que até um copo
de água dado ao outro, “por ser de Cristo” (Mc 9, 41), será recompensado.
Temos muitas oportunidades para
fazer o bem. Até as atitudes de educação, de respeito ao outro, à natureza, ao
bem público, às práticas de honestidade, são expressões do bem. Jogar lixo na
rua, estragar as plantas do jardim público, deixar água parada no quintal
reproduzindo mosquito da dengue, tudo isto é deixar de fazer o bem.
Sem a presença pascal de Cristo
ressuscitado, muitos dos nossos atos se tornam estéreis. Ao lançar a rede de
novo, os pescadores “pegaram 153 grandes peixes” (Jo 21, 11), fruto da
fecundidade da palavra de Cristo. Ouvir e seguir a Palavra de Deus qualifica e
dá dimensão de fertilidade em nossas atividades. Os frutos são muito mais
abrangentes.
O destino da história é o Reino de
Deus. Reino que deve começar hoje, tendo sua plenitude na eternidade. Não tem
como dimensionar este mistério, que tem sua luz e foco na páscoa de Jesus
Cristo. É o que alimenta nossa fé, provoca a caridade e motiva nossa esperança.
Sem isto não conseguimos uma felicidade duradoura.
No mundo de sofrimentos e
tribulações, com muita facilidade perdemos os estímulos, principalmente a
esperança, essencial para o equilíbrio emocional e cristão. A Páscoa deve ser
momento de renovação de forças e de compromissos mais sérios para com a vida e
suas exigências.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
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