Pela vida da Igreja, e sua história,
podemos ver com clareza a sua transcendência e divindade. Nenhuma
instituição humana sobreviveu a tantos golpes, perseguições, martírios e
massacres. A sua divindade provém, antes de tudo, d’Aquele que é a sua
Cabeça, Jesus Cristo. Ele fez da Igreja o Seu próprio Corpo (cf. Cl
1,18).
Podemos dizer que, humanamente falando, a
Igreja, como começou, tinha tudo para não dar certo. Em vez de escolher
os “melhores” homens do Seu tempo: generais, filósofos gregos e
romanos, entre outros, Jesus preferiu escolher doze homens simples da
Galileia, naquela região desacreditada pelos próprios judeus. “Será que
pode sair alguma coisa boa da Galileia?” (Jo 1,46).
Para deixar claro a todos os homens de
todos os tempos e lugares, o Senhor preferiu “escolher os fracos para
confundir os fortes” (I Cor 1, 27), e também para mostrar que “todo este
poder extraordinário provém de Deus e não de nós” (II Cor 4,7); para
que ninguém se vanglorie do serviço de Deus.
Aqueles doze homens simples, pescadores
na maioria, “ganharam o mundo para Deus” na força do Espírito Santo, que
o Senhor lhes deu no dia de Pentecostes. “Sereis minhas testemunhas…
até os confins do mundo”(At 1, 8). Pedro e Paulo, depois de levarem a
Boa Nova da salvação aos judeus e aos gentios da Ásia e Oriente Próximo,
chegaram a Roma, a capital do mundo na época, e ali implantaram o
Cristianismo. Pagaram com suas vidas sob a mão criminosa de Nero, no ano
64, juntamente com tantos outros mártires, que fizeram o escritor
cristão Tertuliano (220) dizer que: “o sangue dos mártires era semente
de novos cristãos”. Estimam os historiadores da Igreja em cem mil
mártires nos três primeiros séculos. Talvez isso tenha feito os Padres
da Igreja dizerem que “christianus alter Christus” (o cristão é um outro
Cristo).
Mas esses homens simples venceram o maior
império que até hoje o mundo já conheceu. Aquele que conquistou todo o
mundo civilizado da época, não conseguiu dominar a força da fé. As
perseguições se sucederam com os Césares romanos, até que Constantino,
cuja mãe se tornara cristã, Santa Helena, se converteu ao Cristianismo.
No ano 313 ele assinava o edito de Milão, proibindo a perseguição aos
cristãos, depois de três séculos de sangue.
Mesmo depois disso surgiu um outro imperador que quis acabar com o Cristianismo, Juliano, mas deu-se por vencido, e no leito de morte exclamou: “Tu venceste, ó galileu!”. Por fim, por volta do ano 380, o imperador Teodósio tornava o Cristianismo a religião do Império. Roma fora vencida pela força da fé.
Mesmo depois disso surgiu um outro imperador que quis acabar com o Cristianismo, Juliano, mas deu-se por vencido, e no leito de morte exclamou: “Tu venceste, ó galileu!”. Por fim, por volta do ano 380, o imperador Teodósio tornava o Cristianismo a religião do Império. Roma fora vencida pela força da fé.
“Tu és Pedro; e sobre esta pedra
edificarei a minha Igreja [...] e as portas do inferno jamais
prevalecerão contra ela” (Mt 16,18). Depois da perseguição romana,
vieram as terríveis heresias. Já que o demônio não conseguiu destruir a
Igreja, a partir de fora, tentava agora fazê-lo a partir de dentro. De
alguns patriarcas das grandes sedes da Igreja, Constantinopla,
Alexandria, etc., surgiam as falsas doutrinas, ameaçando dilacerar a
Igreja por dentro. Mas, ao mesmo tempo, o Espírito Santo suscitava os
grandes defensores da fé e da sã doutrina, os Padres da Igreja: Inácio
de Antioquia (†107), Clemente de Roma (102), Ireneu de Lião (202),
Cipriano de Cartago (258), Hilário de Poitiers (367), Cirilo de
Jerusalém (386), Anastácio de Alexandria (373), Basílio (379), Gregório
de Nazianzo (394), Gregório de Nissa (394), João Crisóstomo de
Constantinopla (407), Ambrósio de Milão (397), Agostinho de Hipona
(430), Jerônimo (420), Éfrem (373), Paulino de Nola (431), Cirilo de
Alexandria (444), Leão Magno (461) e tantos outros que o Espírito Santo
usou para derrotar as heresias nos diversos Concílios dos primeiros
séculos.
Assim, foi vencido o perigo do arianismo
de Ário, o macedonismo de Macedônio, o monofisismo de Êutiques, o
monotelitismo de Sérgio, o novacionismo de Novaciano, o nestorianismo de
Nestório, além de muitos erros de doutrina.
E assim, guiada pelo Espírito da Verdade
(cf. Jo 16,13), que haveria de conduzi-la “a toda a verdade”, infalível e
invencível, a Igreja foi caminhando até nossos dias. Entre tantos
outros combates, venceu a própria miséria dos seus filhos, muitas vezes,
mergulhados nas trevas do pecado; venceu os bárbaros que queriam
destruir Roma e a fé; venceu os iconoclastas que queriam suprimir as
imagens sagradas; venceu os déspotas e reis que queriam tomar as suas
rédeas sagradas; venceu o nazismo, venceu a força diabólica do comunismo
que fez tantos mártires; enfim, venceu… venceu… e venceu…., não com a
força das armas e do ódio, mas com a força invencível da fé e do amor.
Certa vez Stalin, ditador soviético, para
desafiar a Igreja, perguntou quantas legiões de soldados tinha o Papa; é
pena que não sobrevivesse até hoje para ver o que aconteceu com o
comunismo. Jesus deixou a Sua Igreja na terra, como “Lumen Gentium”, a
luz do mundo, até que Ele volte. Todas as outras igrejas cristãs são
derivadas da Igreja Católica; as ortodoxas romperam com ela em 1050; as
protestantes em 1517; a anglicana, em 1534, entre outras. Só a Igreja
Católica existia no século I, no século V, no século X, no século XX; só
ela tem uma história ininterrupta de 20 séculos; ensinando, sem erro, o
que Cristo entregou aos Apóstolos, sem omitir nada. A sucessão dos
Papas é ininterrupta desde São Pedro. Isso é um fato inigualado por
qualquer outra instituição humana em toda a história. Por isso, nenhuma
outra igreja pode pretender ser a Igreja que Jesus fundou. Só ela é como
Jesus quis: una, santa, católica e apostólica.
A
Igreja, portanto, é mais do que uma simples instituição humana, é
divina; por isso, ela é como afirmou São Paulo: “A coluna e o
sustentáculo da verdade” (cf. I Tm 3, 15). Assim como aquela coluna de
fogo guiou os israelitas no deserto, a Igreja nos guia até o céu. Os
Padres da Igreja cunharam aquela frase que ficou marcada: “Ubi Petrus,
ibi ecclesia; ubi ecclesia ibi Christus” (Onde está Pedro, está a
Igreja; onde está a Igreja está Cristo).
Santo Ireneu (140-202) dizia que “onde
está a Igreja aí está o Espírito Santo”. E Santo Inácio de Antioquia
(†107), já no primeiro século, ensinava: “Onde está Cristo Jesus, aí
está a Igreja Católica”. No século IV, Santo Agostinho repetia que:
“Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus. Na medida que alguém
ama a Igreja é que possui o Espírito Santo [...]. Fazei-vos Corpo de
Cristo se quereis viver do Espírito de Cristo. Somente o Corpo de Cristo
vive do seu Espírito”.
Prof. Felipe Aquino
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