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quarta-feira, 27 de março de 2013

HOMILIAS DO TRÍDUO PASCAL

MISSA DA CEIA DO SENHOR

Antes de realizar sua Páscoa, Jesus deu o sentido do que iria acontecer. Mais do que isso, Jesus deixou o memorial da salvação que trazia a toda a humanidade.
Jesus nos deu uma ordem: “Fazei isto em memória de mim”. Obedecendo ao mandato de Jesus, a Igreja torna perpétua a presença da vida de Cristo entregue ao mundo quando celebra a Santa Missa. Apesar das mudanças na forma da Missa ao longo dos séculos e dos diversos ritos litúrgicos, desde as origens, a Igreja continua repetindo o gesto de Jesus mantendo a sua essência. Dizemos que a Eucaristia é um memorial. Este termo nos traz à mente as palavras memória e recordação. Contudo, o termo memorial não significa uma mera lembrança do passado. A missa não é um teatro, pois o sacrifício que Cristo ofereceu na cruz torna-se sempre atual: todas as vezes que se celebra no altar o sacrifício da cruz, acontece novamente a nossa redenção. Em cada missa, Cristo está novamente presente: o Senhor que se oferece e o Senhor ressuscitado que nos anima.
Enquanto São Paulo e os evangelhos sinóticos nos trazem a ceia, João prefere relatar outro aspecto desta noite: o lava pés. Jesus veio para servir, dando a sua vida pela humanidade. A humildade do serviço nos remete a uma fraternidade universal e fundamenta o amor, e o amor é a base da comunhão. Se não há comunhão fraterna, a Eucaristia não pode ser celebrada, pois se comunga a própria condenação (1Cor 11,29). Como nos diz o mesmo São Paulo: “O cálice da bênção que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Um é o pão e um é o corpo que formamos apesar de muitos; pois todos nós partilhamos do mesmo pão” (1 Cor 10, 16-17).
Jesus fez o que faz um servo, lavou os pés. A comunidade de Jesus é uma sociedade de irmãos que vive a experiência do amor, do serviço e da missão. Nela não há senhores e servos, não há classes, não há o predomínio do poder. Ninguém pode se utilizar de seus cargos, títulos ou papéis sociais para sobrepujar os outros, para ter privilégios. Na comunidade de discípulos de Jesus há irmãos que se colocam a serviço do Reino.
Neste ano, lavemos os pés dos jovens, como sinal de nosso compromisso com eles, pois eles precisam de nosso amor e abertura. Lavemos os pés dos jovens como sinal de que eles são apóstolos do mundo e da Igreja. Lavemos os pés dos jovens como sinal de penitência, por todas as vezes que lhes negamos espaço na comunidade eclesial, pelas vezes que não entendemos o seu fervor, pelas vezes que não investimos neles e não acreditamos numa Igreja jovem.

Pe Roberto Nentwig

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