MISSA DA CEIA DO SENHOR
Antes de realizar sua Páscoa, Jesus deu o sentido
do que iria acontecer. Mais do que isso, Jesus deixou o memorial da salvação
que trazia a toda a humanidade.
Jesus nos deu uma ordem: “Fazei isto em memória de
mim”. Obedecendo ao mandato de Jesus, a Igreja torna perpétua a presença da
vida de Cristo entregue ao mundo quando celebra a Santa Missa. Apesar das
mudanças na forma da Missa ao longo dos séculos e dos diversos ritos
litúrgicos, desde as origens, a Igreja continua repetindo o gesto de Jesus
mantendo a sua essência. Dizemos que a Eucaristia é um memorial. Este termo nos traz à mente as palavras memória e recordação. Contudo, o termo memorial
não significa uma mera lembrança do passado. A missa não é um teatro, pois o
sacrifício que Cristo ofereceu na cruz torna-se sempre atual: todas as vezes
que se celebra no altar o sacrifício da cruz, acontece novamente a nossa
redenção. Em cada missa, Cristo está novamente presente: o Senhor que se
oferece e o Senhor ressuscitado que nos anima.
Enquanto São Paulo e os evangelhos sinóticos nos trazem a ceia, João
prefere relatar outro aspecto desta noite: o lava pés. Jesus veio para servir,
dando a sua vida pela humanidade. A humildade do serviço nos remete a uma fraternidade
universal e fundamenta o amor, e o amor é a base da comunhão. Se não há
comunhão fraterna, a Eucaristia não pode ser celebrada, pois se comunga a
própria condenação (1Cor 11,29). Como nos diz o mesmo São Paulo: “O cálice da
bênção que abençoamos, não é comunhão com o sangue de Cristo? O pão que
partimos, não é comunhão com o corpo de Cristo? Um é o pão e um é o corpo que
formamos apesar de muitos; pois todos nós partilhamos do mesmo pão” (1 Cor 10,
16-17).
Jesus fez o que faz um servo, lavou os pés. A comunidade de Jesus é uma
sociedade de irmãos que vive a experiência do amor, do serviço e da missão.
Nela não há senhores e servos, não há classes, não há o predomínio do poder. Ninguém
pode se utilizar de seus cargos, títulos ou papéis sociais para sobrepujar os
outros, para ter privilégios. Na comunidade de discípulos de Jesus há irmãos
que se colocam a serviço do Reino.
Neste ano, lavemos os pés dos jovens, como sinal de nosso compromisso
com eles, pois eles precisam de nosso amor e abertura. Lavemos os pés dos
jovens como sinal de que eles são apóstolos do mundo e da Igreja. Lavemos os
pés dos jovens como sinal de penitência, por todas as vezes que lhes negamos
espaço na comunidade eclesial, pelas vezes que não entendemos o seu fervor,
pelas vezes que não investimos neles e não acreditamos numa Igreja jovem.
Pe Roberto Nentwig
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