Consideremos
que a Sagrada Família não foi isenta de muitos dos dramas que qualquer
família enfrenta. Mais do que simplesmente idealizar a vida de Jesus,
Maria e José, a festa de hoje nos leva a fazer uma reflexão sincera
sobre a família.
A primeira leitura nos ensina a viver o respeito aos pais: “Quem honra o
seu pai, alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido
na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta
tesouros. Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes
desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez,
procura ser compreensivo para com ele; não o humilhes, em nenhum dos
dias de sua vida” (Eclo 3,4-5.14-15). Hoje vemos o egoísmo invadir as
relações. Os mais velhos, bem considerados por sua sabedoria nas
sociedades orientais, são vistos no Ocidente, em muitos casos, como
pesos, como pedras que precisam ser jogadas fora. A Palavra de Deus
exorta aos filhos, para que respeitem e cuidem de seus pais,
independente de qualquer coisa.
A segunda leitura nos fala de “esposas solícitas” e de maridos
convidados a “amar suas esposas” (cf. Cl 3,18-19). As relações
homem-mulher não podem ser baseadas na submissão, quando um dos cônjuges
sofre calado as arbitrariedades do parceiro. Também se mostra
ultrapassado o conceito de complementariedade. Devem ser construídas na
reciprocidade: diálogo e compreensão da individualidade de cada um;
contribuição mútua para a felicidade de ambos.
O Evangelho nos fala da conhecida fuga no Egito. Os pais de Jesus, que
já haviam enfrentado tantos dramas para ter o seu filho, devem agora
abandonar às pressas a cidade de Belém e fugir do rei Herodes. Este fato
revela que o projeto de Deus se realiza na luta contra o mal: o mal
sempre é uma presença marcante, e nós sofreremos as suas consequências,
como a família do Menino Deus. Certamente, em nossa vida há muitos casos
em que o mal parece reinar. Então resta-nos confiar, não sem a luta,
tendo a certeza de que Deus conduz a história mesmo diante dos limites
do pecado que leva ao ódio e à morte.
Pe Roberto Nentwig
Pe Roberto Nentwig
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