Diante da incredulidade do mundo e dos desatinos que nele acontecem, dia após dia, Jesus revela a Sua verdadeira identidade: “Eu vos digo que isto é verdade: antes de Abraão nascer, eu sou” (Jo 8,58).
Ontem, assim como hoje, a maior parte dos
homens não tem experiência com o amor de Deus nem observa Seus
Mandamentos; como se não bastasse, alguns homens ignoram a pessoa de
Jesus, procurando obter sinais e se interrogando sobre quem Ele é.
Convém dizer, porém, que somente quem conhece e guarda a Palavra d’Ele
pode dizer que O conhece e experimenta o Seu amor. Jesus mesmo foi quem
afirmou isso aos judeus: “vós não conheceis aquele que dizeis ser o vosso Deus, mas eu o conheço e guardo a sua palavra”.
Não podemos dizer que conhecemos o Senhor
se desconhecemos Sua Palavra, pois é ela que nos direciona para a vida
eterna em Cristo Jesus. Quem não compreende a Palavra, quem não tem
abertura para o Espírito Santo, morre na ignorância do pecado e,
lamentavelmente, nunca vai conhecer Deus.
A origem e o destino de Jesus foram motivos de controvérsia para os judeus. Por um lado, o Mestre proclamava: “Se alguém guarda a minha palavra, jamais verá a morte”. Por outro lado, afirmava: “Antes que Abraão existisse, eu sou”.
Seus adversários raciocinavam de maneira
aparentemente lógica. Os personagens mais veneráveis do povo, como
Abraão e os profetas, morreram. Acreditava-se na volta do profeta
Elias, que fora arrebatado ao céu numa carruagem de fogo. Não se tinha,
porém, notícia de alguém que não tivesse experimentado a morte. Com
Jesus, não haveria de ser diferente. Quanto à Sua origem, era
suficiente considerar Sua idade bastante jovem para se dar conta da
“falsidade” de Sua afirmação.
Esse modo de pensar estava em total
desacordo com a real intenção de Jesus. Referindo-se à morte, Ele
pensava em algo muito mais radical que a pura morte física. Suas
Palavras abririam caminhos para a vida eterna, na comunhão plena com o
Pai para além das vicissitudes dessa vida terrena.
Ao referir-se à Sua origem, não estava
pensando no Seu nascimento carnal, historicamente determinável, mas na
Sua vida prévia no seio do Pai. Nesse sentido, Ele pode se dizer
“anterior” ao patriarca Abraão por possuir uma existência eterna.
Nesse texto, temos a conclusão do tenso e
longo diálogo de Jesus com os judeus, em Jerusalém, por ocasião da
Festa das Tendas. Jesus mostra-se acolhedor e reafirma o dom da vida
eterna: “Se alguém cumprir a minha palavra, nunca verá a morte”. Contudo, os judeus permanecem firmes na rejeição a Cristo, tentando apedrejá-lo.
Jesus – que cumpre a Palavra do Pai – já vive a eternidade, pois “antes que Abraão existisse, eu sou”, disse
Jesus àquele povo e continua dizendo o mesmo hoje. Quando essas
palavras encontrarem espaço em nosso coração, significa que estamos
vivendo em comunhão eterna com Jesus e com o Pai ao cumprirmos Sua
Palavra, no despojamento e na partilha, na mansidão, na acolhida do
irmão, na prática da misericórdia e da justiça que liberta e promove a
vida.
Voltando à questão da Palavra, dizemos
que o estudo das Sagradas Escrituras é o melhor caminho para
conhecermos quem é Jesus, pois Ele é o Verbo, é a Palavra feito carne.
Ouvi-lo é ouvir a Palavra de Deus.
Sem medo de errar, quero lhe dizer que a
Bíblia é a própria Palavra do Pai dirigida a nós, a fim de que
possamos conhecer o Senhor e a nós mesmos. E, assim, simultaneamente
termos acesso ao Seu grande amor e misericórdia. É feliz quem adora o
Senhor e mergulha em Seus ensinamentos. Você tem a Palavra de Deus como
ensinamento para o seu dia a dia?
Padre Bantu Mendonça
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