Todo o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade
O Senhor revela Sua Lei a Moisés para que este a transmita a Seu povo. A
vida de santidade – tanto no Antigo como no Novo Testamento – é
direcionada a partir das normas contidas na Aliança de Deus com o Seu
povo por intermédio dos Dez Mandamentos (cf. Ex 20, 2-17; Dt 5, 6-21).
De
acordo com o Catecismo da Igreja Católica, os Dez Mandamentos, ou
Decálogo, significam «dez palavras» (cf. Ex 34,28). Estas palavras se
resumem na Lei, dada por Deus ao povo de Israel, no contexto da Aliança,
por intermédio de Moisés. Este, ao apresentar os Mandamentos do amor a
Deus (os três primeiros) e ao próximo (os outros sete), traça, para o
povo eleito e, para cada um de nós em particular, o caminho duma vida
liberta da escravidão do pecado.
O
Decálogo é compreendido à luz dessa Aliança de Deus com Seu povo, no
qual o Senhor se revela e dá a conhecer a Sua vontade. Na observância
dos Dez Mandamentos, o povo mostra a sua pertença ao Senhor e responde
com gratidão à iniciativa de amor d'Ele. Bento XVI nos ensina que Cristo
não somente é um modelo de cumprimento perfeito das Leis Divinas, como
também é em si a revelação do Pai, o mandamento do Senhor, revelando o
pleno significado destas e atestando a sua perenidade. Seguir Jesus
implica observá-las [Leis Divinas], o homem é convidado a encontrá-las
na pessoa do Divino Mestre.
O primeiro mandamento é: “Amarás o Senhor teu Deus com todo teu coração, com toda tua alma e com todas as tuas forças”.
Todo
o homem tem o direito e o dever moral de procurar a verdade, em
especial no que se refere a Deus e à Sua Igreja, e, uma vez
conhecida, abraçá-la e guardá-la fielmente, prestando ao Senhor um culto
autêntico. Ao mesmo tempo, a dignidade da pessoa humana requer que, em
matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria
consciência nem seja impedido de agir em conformidade com ela, dentro
dos limites da ordem pública, privada ou publicamente, de forma
individual ou associada.
"Os Dez Mandamentos implicam, para o fiel, guardar e praticar as três virtudes teologais e evitar os pecados que se lhes opõem. A fé crê em Deus e rejeita o que lhe é contrário,
como, por exemplo, a dúvida voluntária, a incredulidade, a heresia, a
apostasia e o cisma. A esperança é a expectativa confiante da visão
bem-aventurada de Deus Pai e da Sua ajuda, evitando o desespero e a
presunção. A caridade ama a Deus Pai sobre todas as coisas; são
rejeitadas, portanto, a indiferença, a ingratidão, a tibieza, a acédia
ou preguiça espiritual e o ódio ao Senhor, que nasce do orgulho" (CCIC n. 445).
Implica
da mesma forma, adorar a Deus como Senhor de tudo o que existe;
prestar-Lhe o culto devido individual e comunitariamente, rezar-Lhe com
expressões de louvor, ação de graças, intercessão e de súplica,
oferecer-Lhe sacrifícios, sobretudo o sacrifício espiritual da nossa
vida, em união com o sacrifício perfeito de Cristo, e manter as
promessas e os votos que fizermos a Ele.
O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC n. 445)
também afirma que os Dez Mandamentos proíbem o politeísmo e a
idolatria, pois estes divinizam a criatura, o poder, o dinheiro, e até
mesmo o demônio. Assim como proíbem a superstição, um desvio do culto
devido ao verdadeiro Deus, expressa nas várias formas de adivinhação,
magia, feitiçaria e espiritismo; bem como a irreligião, expressa no
tentar a Deus com palavras ou atos, no sacrilégio, que profana pessoas
ou coisas sagradas, sobretudo a Eucaristia, e na simonia, que pretende
comprar ou vender realidades espirituais. Proíbem também o ateísmo, que
nega a existência de Deus, fundando-se muitas vezes numa falsa concepção
de autonomia humana; e o agnosticismo, segundo o qual nada se poder
saber de Deus, que inclui o indiferentismo e o ateísmo prático.
Outro ponto interessante a ser abordado está na afirmação contida em Êxodos 20,3: “não farás para ti qualquer imagem esculpida”.
Isso significa que, no Antigo Testamento, este mandamento proibia
representar o Deus absolutamente transcendente. Porém, a partir da
Encarnação do Filho de Deus, o culto cristão das imagens sagradas é
justificado (como afirma o segundo Concílio de Niceia, de 787), porque
se funda no Mistério do Filho de Deus feito homem, no qual Deus
transcendente se torna visível. Não se trata de uma adoração da imagem,
mas de uma veneração de quem nela é representado: Cristo, a Virgem
Santíssima, os anjos e os santos.(CCIC, n. 446)
Enfim,
na certeza de que esses mandamentos são semelhantes aos sinais de
trânsito, que se não observados causam um caos social, devemos respeitar
e viver bem os preceitos do Senhor para não causarmos em nós mesmos o
caos do pecado, e assim nos afastarmos da nossa meta de santidade. Somos
chamados a voltar para o Senhor e amá-Lo sobre todas as coisas,
renunciando ao politeísmo, à idolatria, à superstição, à irreligião, ao
ateísmo, ao agnosticismo e a tudo o que nos afasta d'Ele, para desta
forma restabelecer em nossa vida a aliança com o Senhor.
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