Encontrei
esse texto na MINHA PASTA MAIS, escrito em 2009. Na verdade, não sei se
já foi publicado aqui... Mas, vamos lá, sempre tem gente nova chegando e
vale o despertar...
Muitas
Paróquias ainda realizam as celebrações de Primeira Eucaristia no final
do ano, de modo que já é tempo de se pensar na organização dessa grande
festa, que envolve vários aspectos. Aqui na nossa Paróquia e acredito
que na maioria, no que diz respeito à roupa, fazem uso da camiseta. Ao
menos aqui , a mudança não ocorreu da noite para o dia, se deu devido a
muitos contratempos por conta do vestuário de nossas crianças, em
específico das meninas.
Meio a essa
preparação, organização, a coordenação é um para-raio... Me lembro que
certo ano, chegando perto da primeira Eucaristia, fui procurada por uma
mãe, indignada quando soube que a filha faria sua tão esperada Primeira
Eucaristia vestida com uma simples camiseta, ela sonhara pra a filha,
um lindo vestido, estava inconformada e queria de mim uma solução para o
seu dilema. Expliquei a ela o por que da uniformidade e que o principal
seria o sacramento que a filha receberia e tudo mais. Ela escutou, mas,
inconformada disse que procuraria uma outra Igreja, no que a deixei
livre para fazer o que achava certo.
A criança
chegou a ir para outra paróquia, não se adaptou, voltou, e nós, é
claro, a acolhemos de braços abertos. A criança queria mesmo era estar
com o grupo. A mãe porém, não desistiu, insistia procurando um meio para
a filha usar um lindo vestido, já havia pensando até no modelo, me fez
uma proposta, onde a filha na celebração faria uma procissão, levando
não sei o que, não sei pra onde, pra entregar não sei pra quem...rsrsr. E
eu explicava, que ela não se sentiria bem, estando diferente do grupo.
Enfim, não restando escolha, ela fez de camiseta, como todos. Mas,
confesso, foi um desgaste enorme, não me sinto à vontade co situações
assim, mas se existe uma organização, é preciso que exista respeito.
Era uma
família linda, de classe alta, que sempre nos ajudou, mas isso não daria
à filha o direito de ser diferente. Depois desse episódio, procuro
conscientizar nossos pais desde o primeiro encontro, para que não se
sintam enganados. Aqui nossa primeira Eucaristia não é realizada na
Igreja e sim no salão, que não é bonito, de camiseta e calça jeans,
meninas, meninos, pobres ou ricos.
Eu,
particularmente acho lindo uma túnica branca, vejo as fotos de outros
lugares e me encanto, porém, nosso volume de catequizandos é enorme, o
que se torna inviável... Mas, também, não descarto a possibilidade de se
pensar na possibilidade de adquirir.
Partilho com vocês, esse material que fala sobre a “nobre simplicidade” da celebração, tirada do livro CATEQUESE e LITURGIA, duas faces do mesmo mistério da Paulus, muito bom! Vejo que veio a calhar com o assunto em questão!!
A “NOBRE SIMPLICIDADE” da celebração
Se queremos
resgatar a interação tão necessária entre catequese e liturgia, um passo
indispensável a ser dado é repensar o modo como as celebrações da
Primeira Eucaristia acontecem.
Há
celebrações simplesmente emocionantes e coerentes com a proposta de
Jesus, a caminhada da Igreja e a vida das nossas comunidades. Mas,
infelizmente, não é raro ver celebrações que destoam completamente dessa
proposta. Muitas delas se assemelham a verdadeiros shows ou desfiles de
moda, com direito a passarela, modelos de roupas das “noivinhas” ainda
não foi superado em muitas comunidades e a celebração acontece à revelia
do significado do próprio sacramento. Há, aí, uma contradição interna.
Quantas vezes se ensina que a Eucaristia deve conduzir o cristão ao
amor, á partilha, à solidariedade com os mais pobres, à humildade e à
comunhão dos bens, mas na hora da celebração, as pompas indicam bem o
contrário... Reforçam e acentuam a desigualdade.
A festa
leva, naturalmente, a um capricho maior. Cada um quer fazer o melhor e
expressar, por meio dos sinais externos (roupas, enfeites, fotos, etc), o
quanto está interiormente feliz. Mas os exageros acabam por comprometer
não somente a celebração, mas também a qualidade da mensagem que foi
transmitida durante o processo catequético. É possível que a celebração
seja solene, sem deixar de ser simples. A constituição Sacrosanctum
Concilium tem uma orientação que abe muito bem aqui, ao dizer: “ As
cerimônias resplandecem de nobre simplicidade, sejam transparentes por
sua brevidade e evitem as repetições inúteis, sejam acomodadas á
compreensão dos fiéis e, em geral, não careçam de muitas explicações”
(SC 34).
A “nobre
simplicidade” da liturgia está no carinho da organização, no modo como
cada um desempenha seu papel na celebração, na preparação cuidadosa do
ambiente, deixando aparecer somente o essencial. Está na postura
respeitosa, espontânea e profundamente interiorizada de cada
participante da assembléia, a começar dos próprios catequizandos. A
“nobre simplicidade” está no clima de harmonia e de entendimento entre
as pessoas, na acolhida aos mais pobres e simples da comunidade. Está na
limpeza e beleza das modestas alfaias e nos cantos entoados por todos
em “espírito e verdade”.
Quanto à
questão das roupas, filmagens e fotografias, o bom senso prevaleça. O
importante é que nada seja “diabólico”, isto é, nada leve à confusão ou
ofusque o essencial: a experiência da comunhão com o Deus-Amor, que gera
fraternidade e impede ao compromisso com a vida plena.
Na
celebração da primeira Eucaristia, é muito importante que os
catequizandos sintam-se, de fato, celebrantes e não meros expectadores
ou, pior ainda, os atrativos da festa litúrgica. Essa participação é
fruto de uma tomada de consciência do verdadeiro sentido da celebração e
de um envolvimento de todos eles na sua preparação.
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