“Ah, São João, São João do carneirinho, você é
tão bonzinho...” É este o São João do imaginário popular, colega de Santo
Antônio, o “casamenteiro” e de São Pedro, o “chaveiro do céu”.
João foi, antes de tudo, um homem querido por
Deus: “Houve um homem enviado por Deus. Seu nome era João” (Jo 1,6); um homem
de Deus, que fazia recordar as coisas do céu.
Viveu em função de Deus, no deserto. Não era
João do carneirinho, bonzinho; era duro como pedra, alimentava-se de gafanhotos
e mel silvestre, vestia-se com pêlos de camelo e um cinturão de couro.
Jesus fez-lhe um elogio rasgado: “Quem fostes
ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Um homem vestido de roupas finas?
Que fostes ver? Um profeta? Eu vos afirmo que sim, e mais que um profeta...
Entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior do que João, o Batista”
(Mt 11,7-11).
Sua missão: preparar a chegada do Messias,
despertando e agitando o coração de Israel. Homem de fogo, inconformado com a
mediocridade de uma religião arrumadinha!
Foi também um homem que soube relativizar-se:
“Eu não sou o Messias, sou apenas a voz que clama no deserto: preparai o
caminho do Senhor!” (cf. Jo 1,19-30).
Levar Deus a sério custou caro a João.
O profeta tem sempre a incômoda missão de
recordar que o homem não é a medida de todas as coisas: nem tudo é lícito, nem
tudo é permitido, nem tudo é de acordo com a vontade de Deus!
Herodes mandou prender o profeta. Foi na prisão,
que ele deu o mais belo testemunho sobre Jesus: havia anunciado um Messias
juiz, vingador de Deus e, agora, ouvia as notícias sobre Jesus: que era manso,
humilde, misericordioso... Não era bem o Messias que ele havia imaginado.
Chamou dois discípulos e os enviou a Jesus: “És aquele que deve vir, ou devemos
ainda esperar outro?” E Jesus responde: “Dizei a João: os coxos andam, os cegos
recuperam a vista e os pobres são evangelizados” – Eram os sinais do messias...
E completou: “Felizes os que não se escandalizam por Minha causa” (cf. Lc
7,18-23).
João, também ele, teve que deixar sua própria
visão de Messias, para acolher Jesus, o Messias como Deus mandou.. Foi sua
última conversão, seu último testemunho. Agora, podia morrer em paz.
E morreu, vítima da fraqueza de um rei bêbado,
da maldade de uma mulher maquiavélica e da leviandade de uma menina vulgar (cf.
Mc 6,17-29).
João é grande porque soube fazer-se servo; João
será sempre um exemplo para os cristãos... Por isso “depois de morto, ele ainda
fala” (Hb 11,4).
D. Henrique Soares da Costa
BLOG: Catequese Caminhando
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